sábado, 29 de dezembro de 2012

CONTÍNUO LIMIAR

Fear, control, silence, Seanen Middleton.



Descobrir a poesia das esquinas e ver além e tudo o que os olhos são capazes de mostrar, sentir sem fim ou ao menos até o coração dizer não aguento mais, cansado de estar a filtrar as emoções do momento. Era a realidade a qual ele se inseria na barreira de parcos limites erigida por si mesmo.
A inquietude do seu peito brotava em imagens para que seus frutos pudessem alimentar outros sentimentos. Os espaços abertos no peito nunca foram preenchidos com tanto sangue, verdade de uma possibilidade outrora somente almejada.
Não, o que dormita fora dele não o preocupa mais. Da finitude, o olhar abarca apenas fragmentos, e não é nos dado sentir além do que é nos dado sentir – aqueles pensamentos pulsavam feroz em meio a absurda nitidez. Que a angústia floresça em palavras, que os sonhos deságuem em imagens pulsantes sobre o papel. Que o desespero do olhar ilumine outras paisagens e que uma ilusão qualquer as fertilize - a verve excedia o seu controle, mas sentado à janela, contemplando o ritmo dos carros no limiar da escuridão, escorria uma gota de saliva de seus lábios e os olhos pairavam perdidos.

Um comentário:

  1. Uma carga sentimental muito forte é depositada nas suas linhas. Acho que isso que torna os seus textos tão interessantes e gostosos de ler. Parabéns. ^^

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