A vista do décimo andar era de um campo vazio, lixo, grama irregular e a rua mais adiante completavam o espaço imediato visível da sua janela. Mas em todas as vezes que precisava descansar os olhos era sobre aquele pequeno vazio que ele misturava tédio e cansaço.
Num desses dias iguais de calor opressivo ele resolveu descer
para ver melhor. Encontrou um cão sem uma perna que buscava comida nos detritos,
se aproximou do pelo cinzento e o tocou com a pena que sentiria por si mesmo se
pudesse senti-la outra vez.
Ele não encontrou no cachorro um espaço de exceção, ele
queria apenas um acontecimento que tornasse sua vida surpreendente e por um
momento o aproximasse do som que tem o mundo quando acorda de manhã, cálido,
frio, transparente.
Nossa, bem profundo os seus escritos. Gostei muito. Primeira vez que visito seu blog e fiquei impressionado. Parabéns!
ResponderExcluirÀs vezes nos aproximamos, mudamos de foco, mas o objeto continua o mesmo.Nem tudo é fugaz.
ResponderExcluir