sábado, 15 de dezembro de 2012

OBSERVADOR



Erma alma, erma vida. Os seus olhos se rasgaram e conduziu o sangue a uma outra forma de sangue, com nervos e pele. Gota a gota num espaço que já não era seu, a febre se espalhou em convulsões iminentes. Então ele parou, ainda assim estava atônito e cansado. Da sacada se via as reverberações da luz, reflexos e o verde intenso da copa.
A sentir os contatos de vida, o som dos pássaros no alto, os olhos inconscientes pelo todo ao mínimo rebrilhar das cores e dos aspectos que têm (a sentir, inteiro). Ele estava sobre a sacada vulnerável à leve ânsia selvagem do mundo. Ele, ser pleno de si mesmo, puro egoísmo puro de si, preso ao arfar contrito do peito. Queria o último raio, seria seu.
A vertigem era o movimento solto que a camisa adquiria no alto. Ele pouco sabe que avança um passo além do que conhece. Ele agora pertencia ao plasma, à indecisão da forma. A camisa displicentemente veste as voltas que em seu corpo dá, ele nada percebe que o desvio que tomou é vida finda.
Aspirações de distância o provocam, as palavras se dissolvem no ar. As camadas se dissolvem. E tudo em seus olhos sofria o perigo da queda. A luz da fúnebre intensidade escorria, ele aos poucos abandonava a matéria insone, agente do próprio esvaziamento.
  Por instinto adivinhava os mistérios encobertos. O enigma é o que não se vê. Ele mergulharia no enigma. Um sorriso assomava de seus lábios, brincava no interior do nada refletido. Sorria dos pedaços sobre o chão, cairia de uma altura incompreensível. Queda na profundidade íntima das sensações.


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