domingo, 25 de março de 2018

7. De onde partir

Primeiro você, Leo de Carvalho




Lembre-se de todo o peso
que um dia acordou seus olhos
e siga a estrada.

Ela segue sinuosa, sem desfazer a constância
do seu movimento.
Lembre-se que uma lâmpada não ilumina o caminho inteiro
Mas indica uma direção
E prepara a partida.  


domingo, 18 de março de 2018

6. Estátuas equilibradas


O alvo, Leo de Carvalho



Estátuas equilibradas
preservam a postura, apesar do cansaço.
Atrás de vitrines, sempre trincadas,
a vestimenta é rara,
o querer é nulo

[Qual movimento está perdido no olhar que tudo abarca?]

Ao virar da chave, nada mais importa.
A silhueta do outro lado guarda um mundo
por despertar.

domingo, 11 de março de 2018

5. Tenacidade

Meio vazio, Leo de Carvalho





Acordou e o breu estava por toda parte. O calor levantou o corpo da cama. Os mosquitos intimavam à vigília.
Clara estava, naquele momento, a impossibilidade. 
Tomou uma vela, buscou um canto e lá ficou até que a hélice retomasse o giro, até que o dia oferecesse uma curva onde pudesse reclinar.
[está preparado para erigir o mundo ou a sua dissolução]


domingo, 4 de março de 2018

4. Os primeiros passos

Rotação, Leo de Carvalho




Os primeiros passos, sempre trôpegos.
Requer atenção e calma
sentir a curvatura
o peso
o equilíbrio.

[O que se pode além da porta?]

Num incômodo bater de asas,
voo curto à incerta direção.
Os dias irão aplainar os caminhos,
encher de esquecimento essa lembrança.

Abre asas no horizonte de pedra e areia à frente
Clareia
Como a perda desses olhos vagos
Que preenchiam o mundo de antes

[Supõe que essa tortura ainda acabe, mas não,
foi o tempo que a triturou até mudar-lhe a face]