Abra os olhos para ver as máscaras que estão
dispersas. Tu as vês e não sabes de todas elas. Uma está a tua frente te
encarando com olhos fundos que se fingem cegos.
É preciso abrir bem os olhos para perceber os sulcos
e vales que se abrem na própria máscara. As alheias são mais fáceis de
perceber, minto, são mais fáceis de suspeitar. Entretanto, não é delas que
falas, elas são apenas imagens do meu discurso inerte em tua palavra.
Porque compreender que ao nosso redor o trágico e o
cômico nos envolvem é possível. Mas o que propões é auscultar o mundo, saber
suas origens, diluir as máscaras feitas em papel machê, encontrar as que
estavam escondidas, saber-se perdido e desamparado em Andara.
Os Grandes
Mestres
há uma
qualidade que os homens ignoram: viver é
menos
Queda que a
pedra da memória
e mais do que
as serpentes reconhecem: O odor humano
Está
entre as
estrelas morrendo nos seus sonhos
e a terra fria
afagada contra o peito
antes de
lançar um sol sobre as suas vítimas
Se isso se
parece um pouco com as residências do mal
e com casas
perdidas em si mesmas,
foram os
Cálices da espécie que deram à vida a nutrição e os tumultos
Eu falo da
invenção da sede
Porque o homem
é o animal de areia que dá sentido às fontes do real
e quando a
noite cai,
bebemos a água
escura do ventre das mulheres
Mas vejam: o
escorpião instalou as suas ferragens
O céu tem suas
lágrimas em silêncio
O caracol da
voz,
quando
sussurra os enigmas da chuva,
sabe:
Quase nunca é
tempo
Quase nunca é
tempo
para o perfume
do sangue
Quase nunca é
tempo
de permanecer
humano
Esses rios têm
espelhos partidos, e tudo o que foi
submerso
é um caos
perdido