domingo, 17 de agosto de 2014

O OUTRO OPOSTO

Foto de Arman Shirzad


Eu sinuoso sigo por toda a extensão da tua linearidade Martelo desfazendo, descosendo a tua tapeçaria Eu existo e não existo, cuidado comigo Eu mancho Eu cubro Eu durmo no meio do jantar – a mesa posta, o rei disposto a comandar – E me instalo nos pequenos cantos da tua complacência Tentar tomar o meu corpo é inútil porque a minha carne é flexível Quando vens eu viro outro no meio do campo sob o sol do meio dia E não sabes me ver E não podes ter Por que não escondes a tua mão enquanto é possível desfazer-se dos dedos que pendem em excesso? Abre tua folha em branco e percebe a letra escondida no canto da página Mostra-me teu sexo enquanto eu desvisto essa roupa, mas não demora Um dia tu vi/erás E eu já terei (des)feito