EM CONJUNÇÃO

Imagem da série Topography of Tears, de Rose-Lynn Fisher

Cristais caindo em slow motion

Despedaçando-se no chão

em

par

tes

me

no

res

para compor junto a outros cristais

a partilha do próprio corpo

aberto/ em conjunção

MARIPOSA II

Com o arrancar da cabeça

segue o corpo

pulsante/ controla-dor

Ergue-se a si mesma,

par em par,

o último giro

(a beleza)

o último giro

a beleza

LÓTUS

Desce as escadas quando necessário

para ver o encontro com a

espada no deserto.

A caça, o veneno, a brasa acesa

Revelam mais que o espelho.

No chão já não há

receio entre os homens,

apenas os bravios se fortalecem.

Maura

,

ventre em chamas

núcleo coberto de lama

libélula

rede

levanta para construir os castelos que precisam de ti

,Estamira (nunca esquecida),

cobre o chão

de preciosidades

revela o cancioneiro

de tuas meditações.

(poema inspirado na performance “Maura Lopes, cançada de Deus”)

Leve

Beleza próxima

Acompanha o ar

Em silêncio

Canta

se esvai

e não sai das retinas

sopra

no eriço da pele

Brisa

Consigo

Fotografia de Alexander Yakolev

Se movendo ígneo,

subcurso

para o centro

,e depois da hora marcada

fragilmente

dispersa os efes desse mundo

Sabe que o que falta é a vespa

E já não falta.