domingo, 7 de julho de 2013

O TEMPLO REINVENTADO

Fotografia de Arash Ashkar

Todo, seus olhos, o concreto, ele próprio. Parte dele erigida na fuga encontraria por fim o seu repouso, a luz iniciou sua senda, ele penetrou no corredor num passo de leveza calculada, expectante, observando a fragilidade das paredes e a aparência circunspeta daquela superfície. As pessoas nas salas se foram com o cair da noite, a ele não amedrontava a noite, estava isento da marca do medo, ele portava as ausências no olhar. Para além das salas encadeadas alguém sentirá a sua falta na possibilidade íntima desta quimera. Mas nunca lhe surpreenderia o silêncio, aprendeu a desejá-lo, costurava redes com a massa densa do silêncio na intenção de envolver e manter longe de si a aflição e o desprezo dos amigos que não tinha.
O corredor era extenso, parecia um templo erigido sobre sombras de amplidão indefinida e que na noite sucumbia ao seu estado. A luminosidade vinha oblíqua acariciar as cicatrizes do rosto.


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