Fotografia de Brian Oldhan |
Não se deve jogar fora certas coisas. Algumas delas
deve-se guardar para realizar a experiência de sentir um mesmo objeto
adquirindo um novo significado. Me arrependo de ter jogado no lixo um livro que
eu mesmo escrevi aos 10 anos. Agora tento tocar a memória com as mãos de um
afogado. Não há um apoio firme, só existe um imenso espelho d’água que logo se
desfaz. Eu lembro de uma presença triste, como cacos de vidro numa gaiola. Eu
lembro de silêncio e solidão sobre a mesa. Eu leio uma carta abrasada num
labirinto insolúvel.
Es un milagro que estés vivo.
Eu sei, minha cara, sigo sabendo.
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