Copo trincado na superfície, sentidos que se
encontram na rotina. Suspensas, as muralhas são incapazes de encobrir aquele
que dormita. Os sons a se elevarem até a última altura são o anúncio da
esterilidade dos caminhos. Recriação contínua do diverso, imaginação emoldurada
no abismo, conhecimento que não ultrapassa o lado oposto dos termos, maneira
irreversível do olhar, o medo.
Iguais repostas se constituem dispersas na
umidade respirável, no surgimento e fenecer do toque, nas aspirações em segredo
da pedra. Ao brotar da luz no peito, CUIDADO! – a próxima palavra pode surgir
banal e ferir. Ameaçadores permanecem e se consomem até as retinas, ou em
direção ao nada, às ocas manifestações refletidas num acréscimo desmesurado das
horas.
Pelas ruas, os carros, exército de metal que
avança rumo a um desconhecido ponto, a fuga. Oscilação de vínculos na vertigem
a espraiar-se contra ondas.
As palavras acorrentam...
Libertam?
A observar toda a sensualidade presente no
passar. Tocar e perceber inteiramente no real o cerne do silêncio, no tempo as
flores e o aroma da flor. Qualidade rara no lugar onde os objetos são cobertos
pela palavra entreaberta.
O mundo é o medo da hora imperceptível que
fenece, fluídica qualidade que recebe do tempo.
Acentuada solidão, apenas mais um motivo; sendo o da angústia o nome
próprio das coisas que provocam um movimento excessivo do espírito.
Na distensão constante e total para o
infinito prepondera a sua essência, palavra conjugada ao irreversível que em
tudo aprisiona em sua verdade, seguir. A vida encarcerada é o limite que o
espírito permite nomear.
Por quê?
E por que não?
Fora da gaiola das hesitações absoluta é a
existência do crepúsculo, a morte, a luz que se desprende inteiramente do
instante. A leveza do todo a se deixar tocar é surpreendente e oblíqua.
A imagem no espelho é o reflexo da ilusão
sentida, para que depois das fronteiras a liberdade amalgamada na aridez
angustiada da palavra se dissipe.
Quero escrever um dia como você Leo. Há um mundo lá fora inquietante, tão inquietante quanto nosso âmago.
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