Foto de Arash Ashkar |
Em torno de suas mãos frias
ardia-lhe o peito. Buscava ar lá aonde os olhos não alcançavam. Ele gostaria de
dizer a ela mais uma palavra que fosse antes que tudo terminasse. Ela se foi
como um vaso quebrado e com seus segredos perdidos dentro da caixa. As amigas
dele viriam a qualquer momento para amparar-lhe. Por enquanto mergulhava as
lembranças no fundo rio que a sua frente se abria em águas marrons.
Sua irmã não lhe permitiu
participar dos rituais de sepultamento. Ele fora banido há muito tempo daquela
casa. Alguns minutos atrás ele irrompera em meio ao escândalo dos presentes para
vê-la ao menos. Ela sob uma aparência cálida guardava um silêncio que parecia
só dela. Logo foi obrigado a deixar o lugar, preferiu que assim o fosse.
Seus cabelos se debruçavam no
vento, uma chuva fina começou a cair na orla. A imagem dela deitada sobre
flores era de uma paz que parecia impossível de lembrar. No encontro da
correnteza com o céu apagado ele buscava os dias de reparação que não vieram.
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