domingo, 14 de abril de 2013

O TIGRE INVISÍVEL


Max Martins




Eu encontro na minha voz a tua. Invocando o mar não sou estático, sou imenso. Assim tuas palavras ecoam em meu corpo como a mera passagem do rio provocando a aparente imobilidade do mundo.

Me penetras com sabres e sombras e eu gozo a tua presença.

Em minhas lides apodreço em tuas formas. Sinto teu membro rijo invadindo a pele, semeando a terra, cavando a tua maneira nos meus olhos, feito Carmencita regressando da areia.

Por um momento contemplo os teus sinais na minha claroscura percepção das coisas.

A salvo, eu sou a brevidade de um órgão que rumina. A minha presença turva se desfaz na travessia, eu me torno um estrangeiro que percorre a terra ávido pela Marahu que não encontra.








Há um mar, o dos velames,
das praias ardendo em ouro.

Há outro mar, o mar noturno,
o das marés com a lua
a boiar no fundo
o mênstruo da madrugada.

E afinal o outro, o do amor amargo,
meu mar particular, o mais profundo,
com recifes sangrando, um mar sedento
e apunhalado.

(AMARGO, Max Martins)



Um comentário:

  1. Muito lindo e delicadamente sensual. Um dia escreverei tão bem assim. ^^
    Parabéns por mais essa postagem.

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