Eu encontro na minha voz a tua.
Invocando o mar não sou estático, sou imenso. Assim tuas palavras ecoam em meu
corpo como a mera passagem do rio provocando a aparente imobilidade do mundo.
Me penetras com sabres e sombras e
eu gozo a tua presença.
Em minhas lides apodreço em tuas
formas. Sinto teu membro rijo invadindo a pele, semeando a terra, cavando a tua
maneira nos meus olhos, feito Carmencita regressando da areia.
Por um momento contemplo os teus
sinais na minha claroscura percepção
das coisas.
A salvo, eu sou a brevidade de um
órgão que rumina. A minha presença turva se desfaz na travessia, eu me torno um
estrangeiro que percorre a terra ávido pela Marahu que não encontra.
Há um mar, o dos velames,
das praias ardendo em ouro.
das praias ardendo em ouro.
Há outro mar, o mar noturno,
o das marés com a lua
a boiar no fundo
o mênstruo da madrugada.
o das marés com a lua
a boiar no fundo
o mênstruo da madrugada.
E afinal o outro, o do amor amargo,
meu mar particular, o mais profundo,
com recifes sangrando, um mar sedento
e apunhalado.
meu mar particular, o mais profundo,
com recifes sangrando, um mar sedento
e apunhalado.
(AMARGO, Max Martins)
Muito lindo e delicadamente sensual. Um dia escreverei tão bem assim. ^^
ResponderExcluirParabéns por mais essa postagem.