Vou contar o que há
neste desenho, que é menos o que quer que seja e mais um estado
de alma. Ele possui o lado direito indistinto de traços, que vão e se
misturam em outros traços, perdendo seu destino sem saber para onde vão.
As pupilas se encontram divididas como
os olhos o são, para que uma seja a verdade enquanto a outra a mentira de mim.
Absolutas representações da sutil marca da essência que carrego. A sobrancelha
do lado direito, que tenciona e se distende, é inteira convulsão e medo, em um
só, abismo e conseqüente profusão de ausências. É apenas neste lado direito
reverso de mim que alcanço o incêndio das pétalas.
Porém todos os olhos se
voltam para a única face visível, a única face que preferem ver deste
rosto. Exteriormente oca cravada de vultos e vagas penumbras de vozes
ocultas.
Formas circulares a envolver os olhos
falsamente construídos para parecer. Formas que se acabam na boca calada e
de expressão contida, na ânsia de nada ser, nos óculos que restringem o
espaço emoldurado de hesitações contíguo. Ainda assim, uma névoa repousa sobre
o lado esquerdo da face, porque nem tudo se omite no cotidiano e a verdade
agora é frágil emanação.
Nenhum comentário:
Postar um comentário