domingo, 21 de abril de 2013

GRAVURA


Intervenção Urbana de Cláudia Leão pertencente à série "Retratos" 



Vou contar o que há neste desenho, que é menos o que quer que seja e mais um estado de alma. Ele possui o lado direito indistinto de traços, que vão e se misturam em outros traços, perdendo seu destino sem saber para onde vão.
As pupilas se encontram divididas como os olhos o são, para que uma seja a verdade enquanto a outra a mentira de mim. Absolutas representações da sutil marca da essência que carrego. A sobrancelha do lado direito, que tenciona e se distende, é inteira convulsão e medo, em um só, abismo e conseqüente profusão de ausências. É apenas neste lado direito reverso de mim que alcanço o incêndio das pétalas.
Porém todos os olhos se voltam para a única face visível, a única face que preferem ver deste rosto. Exteriormente oca cravada de vultos e vagas penumbras de vozes ocultas.
Formas circulares a envolver os olhos falsamente construídos para parecer. Formas que se acabam na boca calada e de expressão contida, na ânsia de nada ser, nos óculos que restringem o espaço emoldurado de hesitações contíguo. Ainda assim, uma névoa repousa sobre o lado esquerdo da face, porque nem tudo se omite no cotidiano e a verdade agora é frágil emanação.


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