Obra de Antonio Mora |
A
sala aos poucos se elevava na angústia branca das paredes, no horizonte sem
relógios possíveis incapazes de traçar em seus arcos a nitidez das folhas ao
vento. Em suas mãos a rosa não era mais de plástico, a permanência dos espinhos
demarcava a embriaguez de uma possibilidade, sua existência calculada e
reduzida.
O
risco o reduzia, sim. O sufocava pelo medo de estar à beira de rumos e
passagens através das quais nenhum ser humano ousou pular, de abismos vários
que ser humano algum imaginou um dia ser.
A
marca foi se tornando imperceptível, deflagrava sangue e minúcias de escuridão,
voracidade circunscrita às camadas mais profundas do esquecimento. Preferia não
lembrar porque sabia ter de aceitar na lembrança a distorção, seu aproximar-se
pouco a pouco de outro modo, até vir o passar das horas e o levar. Seu destino,
as ilusões e um desejo.
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