domingo, 8 de setembro de 2013

CONTEÚDOS REJEITADOS

Foto de Silvia Grav

Algumas pessoas estão sobrevivendo, vagando pelo mundo sem descobrir os próprios passos ou o som que produzem quando deixam marcas na areia.
Arnaldo é um homem como qualquer outro e um homem como poucos. Nele o vazio no peito se tornou mistério insone. Ele vive procurando essa cicatriz em certa parte do corpo, nas mãos, no peito, no rosto.
Ele está acordado. Nesse exato momento abriu os olhos e, cheio de fé, derrama o primeiro pé sobre o chão frio. Arnaldo sabe que está só, procura as sandálias.
A janela na frente parece pequena demais, vultos e silêncios se esgueiram na sombra. Ele toma o banho na cuia, serve-se do café preto, apanha a chave e esconde-se na luz. Está indo novamente ao encontro de mais um dia como uma presença que todos veem e ignoram.

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